quarta-feira, 26 de julho de 2017

Meio a sério, meio a brincar aprendemos o ímpar e o par

Par e ímpar
Há duas coisas em que acredito profundamente no que diz respeito ao ensino da Matemática: a Matemática é divertida; toda a gente é capaz de aprender Matemática. Especialmente no que diz respeito aos conceitos matemáticos mais básicos, parece-me essencial "pôr as mãos na massa" e praticar de uma forma que desperte na criança o prazer por aprender (na verdade, acho que isto é válido para tudo, não apenas para a Matemática).

Foi tendo isto em mente que resolvi apresentar ao Curiosity os conceitos de "número par" e "número ímpar". 


A sério...

Tudo começou com uma atividade inspirada no Método Montessori. Precisei apenas de um pequeno tapete, números de 1 a 10 (usei números magnéticos) e 55 contas iguais (usei contas de um jogo antigo mas podia ter usado, por exemplo, botões).

No tapete, dispus os números magnéticos por ordem crescente, numa linha horizontal. Em seguida, peguei numa das contas, coloquei-a por baixo do número 1 e disse, apontando para a conta: "Um. Está sozinha. O 1 é um número ímpar". Peguei em duas contas, coloquei-as por baixo do número 2, lado a lado e, apontando para elas, disse: "Dois. Nenhuma está sozinha. O 2 é um número par". Novamente, peguei em três contas e coloquei duas lado a lado, por baixo do número 3, e a terceira por baixo da primeira. Disse "Três. Esta (apontei para a conta solitária) está sozinha. O 3 é um número ímpar". Continuei, desta vez com quatro contas, que dispus em duas filas de duas contas cada uma, por baixo do número quatro. Novamente apontei para elas e disse: "Quatro. Nenhuma está sozinha. O 4 é um número par". Repeti o procedimento para os números cinco e seis, após o que pedi ao Curiosity que concluísse o processo, tendo ele concluído que os números sete e nove são ímpares, ao passo que o oito e o dez são pares.

Par e ímpar



A brincar...

Percebido que estava o conceito, chegou a altura de avançar um pouco mais. Foi então que usei a minha arma secreta - As canções da Maria! O Curiosity adora e, com a ajuda do "Par ou ímpar" foi fácil explicar que todos os números que terminam em 0, 2, 4, 6 e 8 são pares, sendo ímpares todos os que acabam em 1, 3, 5, 7 e 9.

Não conhecem? Então têm mesmo de assistir!


Na manhã seguinte fui perguntando ao Curiosity se o número dos prédios por onde íamos passando era par ou ímpar. Entre muitos acertos e alguns erros, lá recordámos quais eram os pares e os ímpares e porquê. E o Curiosity ainda descobriu que os pares ficam de um lado da rua e os ímpares do outro!

No meio de mais uma brincadeira com carrinhos lembrei-me de introduzir uma variação. Fui buscar papel, canetas, tesoura e fita adesiva e fiz uns retângulos com números, que colei no tejadilho dos carros. Depois, desenhei dois sinais de parque de estacionamento e escrevi num deles "Só pares" e, no outro, "Só ímpares".

Par e ímpar


Expliquei que só podiam estacionar os carros com os números que correspondessem ao que estava no sinal (par ou ímpar). Foi um sucesso! Pelo menos, até entrar em cena o carro da polícia e os carros começarem a estacionar mal propositadamente para serem multados...

 

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Cilindros sonoros DIY

Cilindros sonoros Montessori DIY



Quem acompanha este blogue provavelmente já percebeu que tenho "um fraquinho" pelo Método Montessori. Embora tenha pesquisado bastante sobre a pedagogia desenvolvida pela Dra. Maria Montessori, não tenho nenhuma formação neste assunto, pelo que não é minha intenção aprofundar aqui o tema. No entanto, são muitas as vezes que esta pedagogia é a inspiração das atividades que faço com o Curiosity e que aqui partilho. 

Os materiais desenvolvidos pela Dra. Montessori são apenas uma parte do Método mas, ainda hoje, é impossível não se ficar fascinado por eles. Infelizmente, são dispendiosos e difíceis de encontrar no nosso país (onde os portes de envio também não são nada simpáticos). Daí que, por vezes, me sinta tentada a improvisar alguns dos materiais com o que há cá por casa. Claro que não têm a beleza nem a resistência dos originais mas, convenhamos, vão ser manuseados por apenas uma criança, durante um intervalo de tempo muito curto.

Um dos primeiros materiais que fiz, por ser dos mais simples de reproduzir, foram os "Cilindros sonoros" (ou "Caixa de Rumores"), que são um material sensorial que pretende trabalhar a discriminação auditiva. A ideia central é simples: temos vários cilindros que contêm algo que produz som, sendo os sons iguais dois a dois. O objetivo principal da atividade é a criança conseguir identificar quais os pares de cilindros que têm sons idênticos.

Já vi este material reproduzido com vários tipos de recipientes, como rolos de película fotográfica, frascos de especiarias, latas ou embalagens de iogurte líquido. Eu fiz um primeiro exemplar usando embalagens de iogurte mas achei que ficou feio, pelo que o refiz usando as embalagens de medicamento que podem ver na imagem, e fiquei muito mais satisfeita com o resultado. Como disse, foi muito fácil. Precisei de oito embalagens iguais com tampa, vazias e lavadas, canetas de acetato de quatro cores, uma caixa de cartão, papel de embrulho, pistola de cola quente e materiais para fazer os sons (arroz, pregos pequenos, duas bolotas e dois macarronetes). Na tampa de cada embalagem desenhei um círculo com caneta de acetato, quatro de uma cor e quatro de outra. Em seguida, coloquei dentro de cada embalagem o material para produzir os sons, de modo a que existisse um exemplar num cilindro de cada cor (uma bolota num cilindro de tampa vermelha, outra num de tampa verde, metade do arroz num cilindro de tampa vermelha, a metade restante num de tampa verde, ...). Feito isto para todos, e para evitar acidentes, colei as tampas aos frascos com cola quente. Em seguida, e para que o Curiosity pudesse usar os cilindros autonomamente, fiz uma bolinha com as canetas de acetato no fundo dos frascos, usando a mesma cor em cada par de cilindros com sons idênticos (todos os materiais em Montessori têm um controle de erro). Assim, depois de emparelhar os cilindros, o Curiosity podia verificar se o tinha feito corretamente, virando-os e vendo se os cilindros de cada par tinham bolinhas da mesma cor.

Cilindros sonoros Montessori DIY


Para finalizar, forrei uma caixa de tamanho adequado para conter os cilindros.


A maneira correta de apresentar este material à criança é a que é descrita no vídeo seguinte, do canal My Works Montessori (em inglês).


No entanto, parece-me que, mesmo sem seguir à risca todos os preceitos, fazer um jogo para identificar os pares de cilindros com sons idênticos, além de ser muito interessante (o Curiosity gostava imenso),  ajudará seguramente a desenvolver a audição e a concentração da criança.


Cilindros sonoros Montessori DIY


Espero ter-vos motivado para experimentarem.